sábado, junho 30, 2012

Fogueiras e Fogaréus

Nenhum observador minimamente atento à realidade política regional e nenhum ativo participante razoavelmente dotado de preparação e senso a condizer com responsabilidades e cargos assumidos (às vezes bem levianamente…) para tomadas de posição, análise e implementação de linhas de pensamento estratégico e medidas práticas decorrentes das opções de um justo e competente entendimento daquela mesma realidade política – mormente no que diz respeito a atos da governação, ao comportamento deontológico dos seus membros e ao devido (e exigível!) acompanhamento crítico, suporte solidário e elucidação precaucional por parte dos vários agentes e atores institucionalmente ali envolvidos –, poderá deixar de encarar com muita apreensão todos aqueles, sucessivos, multiplicados e acumulados casos e temas que tem, a esses mesmos diversos mas confluentes propósitos, vindo a inundar exponencialmente (e ainda mais nas últimas semanas e dias) o inteiro panorama político-informativo da Região Autónoma dos Açores, nos OCS e nas redes sociais (locais e nacionais…).

– Não valerá a pena, creio eu, inventariar aqui o leque dos ditos temas e casos em triste vista e alcance, tão percetíveis são eles, apesar da quase inacreditável série de miopias, arritmias de coordenação e nucleares ausências de terapia firme com que as referidas úlceras (algumas de grande pressão…) tem sido padecidas e geridas por quem, assim, até parece estar deixando cavar a sua própria cárie político-partidária e, talvez, conquanto inadvertida e involuntariamente, levantando ventos para uma eventual borrasca outonal cujos sintomas de contágio, suficientemente alarmantes pelo que prenunciam (e nalguns casos comprovam!), são mesmo risco de fósforo e fumo de fogueiras que poderão vir a chamuscar muitos dos fundilhos e rodas de saia que andaram a passear-se pela ilha Terceira durante as Festas Sanjoaninas, em visitações de caravana cortesã, em varandas acolchoadas, na calçada molhada ou no improvisado palanque de muita fatuidade, conforme o valor do cicerone, a música da marcha ou o ferro do curro…

A outra hipótese para o que se vê, lê e ouve é a de, novamente, querer-se arranjar fogaréu expiatório para um mal que antes provém, acima de tudo e de todos, da falta de inteligência política, de poder decisório esclarecido e da paralela e interesseira aniquilação da democraticidade partidária interna, – formas convergentes e larvares de reincidentes desculpabilizações pessoais e político-partidárias que não deixarão, desta vez e na devida altura, de ser objetivamente acentuadas!
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Em “ Diário Insular” (Angra do Heroísmo, 30.06.2012):
“Diário dos Açores” (Ponta Delgada, 01.07.2012):
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