domingo, março 13, 2016


O Silêncio e os Afectos
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A oferta trazia dedicatória fraterna e assinalava, para além de indefectível amizade, uma gentil e pessoal recordação mariana ao lembrar-se da minha conferência (“Maria e a Ternura de Deus em Antero de Quental”) que o nosso querido Padre Júlio da Rosa (Horta, 24.05.1924-03.11.2015) me pedira que fizesse (28.05. 1992) no “Amor da Pátria” e depois publicou na Estrela da Manhã (N.º 2, Ano II, 1993), revista da Academia Mariana dos Açores que ele fundara (em 1990) com o olhar naquela mesma Senhora das Angústias a quem tantos laços de vida e reminiscência familiar faialense me ligam. 

A dádiva, bela publicação ilustrada do IAC (Angra do Heroísmo, 2015), era Maria na Música na constante da História Açoriana, de Manuel Emílio Porto (Pico, 20.12.1935-11.04.2012), obra competentemente organizada e coordenada por Maria de Jesus Maciel. Este livro, adiantara-me já com razão o meu amigo, há-de juntar-se doravante, com todo o merecimento e justificado interesse, às outras obras aplicadas ao apaixonante estudo “antropológico-cultural, religioso e filosófico-teológico dos temas marianos que marcam a História dos Açores e o Catolicismo em Portugal”.


– E como haveria de não ser assim, atendendo ao rico conteúdo desta edição, que ao simples folhear de páginas, por entre sugestivas imagens, significativas peças de escrita, notas de biografia, pesquisa e inventário, ensaio histórico-musical, musicológico e religioso-cultual, e epistolografia (trocada precisamente entre Emílio Porto e Júlio da Rosa), ainda inclui um minucioso registo de Invocações de Nossa Senhora nos Açores e uma Antologia de Composições/Pautas Marianas daquele que foi um incansável e criativo Músico e Cidadão (compositor, mestre, regente e director artístico, professor, animador cívico-cultural e associativo, escritor, jornalista, teólogo e político picoense), conhecido e estimado em todas as nossas ilhas e no País?

Ora é de receber tudo isto, como bem realçam Maria Maciel e Artur Goulart (no “Prefácio”), que se nos retornam mais eminentes o silêncio, os afectos e a gratidão, não só pela terna inspiração e simbologia marianas quanto também pelas excepcionais expressões artístico-musicais e poéticas com que Emílio Porto as acolheu e concelebrou.
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Em "Diário Insular" (Angra do Heroísmo, 12.03.2016):